quinta-feira, 13 de outubro de 2016

#694

Em cada geração, pressupõe-se que os filhos sejam uma versão melhorada dos pais. Os filhos naturalmente vão saber mais do que os pais, até porque vai havendo melhoria das condições de vida, de educação, etc. Se os nossos pais nos ensinaram a estrelar ovos, nós devemos saber estrelar ovos e ainda assar peixe no forno. Se eles nos ensinaram a trocar uma lâmpada, nós devemos conseguir também mudar-lhe o casquilho. Se os nossos pais são racistas, e até os vimos a vida toda a agirem assim, nós devemos saber que as pessoas são todas iguais, independentemente da raça ou da cor da pele. E não vale culpar os pais por nos terem ensinado assim. Nós que temos mais educação, mais meios, mais informação, mais liberdade, mais tolerência, mais tudo, devemos perceber por nós próprios que não é por alguém ser negro que é diferente. Faz-me confusão pessoas que estudaram, que têm cursos superiores até, e que depois têm mentes pequeninas, que são racistas, são contra o casamento de homossexuais, são contra o aborto e muitos outros assuntos do género, porque foram ensinadas a serem assim pelos seus pais, ou então não foram necessariamente ensinadas assim mas copiaram o comportamento que viam nos pais, mas que não conseguiram ir além disso pela sua própria cabeça. Os meus pais também não me ensinaram a ajudar animais, eram assim digamos que neutros nesse assunto. Eu é que me apercebi à medida que fui crescendo e vendo várias situações que os animais são seres indefesos no nosso mundo e que precisam que os ajudemos. E eu própria acabei por sensibilizar os meus pais para este assunto. Temos de ir sempre um pouco mais além, não podemos ficar presos em mentalidades dos anos 50 ou 60. Os pais não nos ensinam o que devemos pensar, eles dão-nos as ferramentas para nós fazermos os nossos próprios julgamentos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Subscrevo.
A minha filha adolescente, por exemplo, ensinou-me a ser vegetariano.
Ao princípio fez-me confusão a opção dela, andámos uns tempos que não sabíamos bem como gerir aquilo. Ter de repente um ser "nosso" à mesa que resiste a comer carne, ovos, leite, que faz as suas próprias refeições.
Depois procurei perceber a razão das suas convicções, ao vê-las inabaláveis, um mês, uma ano, três anos..
Foi um alívio perceber que em Lisboa na sua Faculdade já perto de 30 por cento fazem esta alimentação, e que as cantinas têm a opção, e abundam restaurantes veganos, e que nos países mais desenvolvidos são a regra, e que os restaurantes normais se sentem cada vez mais obrigados a ter estas opções .
Aos poucos, toda a família foi caminhando para esta alimentação, mais ética, mais responsável. Com ganhos significativos de saúde.
Hoje, não tenho qualquer dúvida que é por aí o caminho da civilização, e que ela foi à frente.
As gerações mais novas têm a obrigação de melhorar a herança, e sinto que os meus filhos, tanto neste, como noutros campos, por exemplo a irrelevância que conseguem atribuir ao dinheiro, estão a produzir a minha versão II :)

Maat disse...

parabéns :) eu ainda não consegui convencer os meus pais a não comerem porquinhos e vaquinhas, mas o meu marido também acabou por fazer a mesma escolha do que eu, apesar de eu nunca ter feito pressão nenhuma. ok, se calhar às vezes fazia aquela brincadeira do 'hmm, esmtá bom esse cabritinho? meeeeehhhhh meeeeeehhh' mas não deve ter sido por isto que mudou de ideias. foi também pela questão da saúde e, acredito e espero, pelos animais.
os meus pais acredito que será mais difícil mas também já os vejo a seguir outros hábitos saudáveis meus :)