terça-feira, 7 de março de 2017

#844

Recentemente alguém criou no facebook um grupo da escola secundária onde andei. Rapidamente centenas, milhares de pessoas se juntaram ao grupo e aquilo passou a ser a sensação do momento. Toda a gente ia lá comentar, pôr fotos de quando eram crianças e adolescentes, dezenas de posts a perguntarem por colegas e professores esquecidos, até chegar ao auge de quererem combinar um encontro com toda a gente. Eu ria-me sozinha com aquilo tudo e imaginava na minha cabeça um daqueles encontros decadentes, como vimos nos filmes, as pessoas todas velhas e gordas, a recordarem velhos tempos, e a tentarem esconder a realidade dos tempos modernos, cheios de inveja do colega bem sucedido na vida e a dourarem a sua própria vida para parecerem melhores do que o que são. Entretanto perdi um bocado o fio à meada desde que desliguei as notificações, era impossível estar a receber notificações de 5 em 5 minutos, mesmo que não visse, chateia, e acabei até por fazer unfollow e deixei de saber as novidades. Lembrei-me que esse grupo existia há uns dias e fui lá espreitar. Aquilo tornou-se num espaço decadente, onde pelos vistos já ninguém fala da tão aguardada reunião, houve alguma chatice, não percebi bem o quê, algumas pessoas saíram, e agora há só pessoas a partilharem músicas, como se as restantes pessoas não tivessem acesso ao youtube para irem elas próprias escolher e ouvir as músicas que desejam. Parece-me que o grupo está perto do fim. Este post podia ter sido entitulado 'Uma história de ascensão e queda', mas isto lembra-me demasiado os nazis. As pessoas já deviam ter percebido que essas coisas nunca dão em nada. Se nós realmente gostássemos tanto das pessoas com quem andámos na escola, não teríamos deixado de falar com elas. Excepto raras excepções, se perdemos o contacto, é porque não estávamos interessados em ser amigos. Dificilmente me vão apanhar em algum evento do género. Isso é sempre super desconfortável, porque já nem sequer temos confiança com as pessoas, visto estarmos tantos anos ssem nos vermos ou falarmos. Eu não caio nessa.

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